segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Delícia

Acho uma delícia não ter que
explicar que preciso de cuidados.
De alguns.
Como todos.
Como os outros.

Delícia, acho.
Quando você chega.
E quando parte, quase que me ao meio.
Delícia te esperar de forma tranqüila
alienando dentro do meu quarto.
Fazer receitas que sei que adoraria o cheiro.
Inventar temperos. Bolos. Bolsos.
Vestidos pra você me ver ao vivo.
Desejos traçados em finas linhas pretas.
Colorindo.

Delícia é sentir ainda um téco de você no travesseiro.
Ao deitar, percebo os privilégios de quem recebe a visita.
Seu agasalho no meu cabide.
Seus olhos no banheiro.
Sua música no meu piano.
No nosso.
Estou achando tudo uma delícia...

domingo, 29 de novembro de 2009

Vara de Família.

É bem provável que ela seja processada por desabafo.
Numa família em que os advogados falam mais alto,
berram e desenvolvem seus próprios códigos de conduta.
Suas leis são únicas, mas só valem aos outros.
Suas manias são absolvidas, assim como a falta de trato, de tato e amor.
O perdão não é aqui ou lá concebido, ''advogados não erram jamais''.
Então, não haverá o que perdoar. Mas quero ver me calar.
Quero ver me processar por desabafo. Quero ficar cara a cara, frente ao juízo.
E me defender de você. Pois, tenho aqui dentro de mim um peito cheio de mágoas.
Não vou fingir como os demais. Pelo contrário, vou me abrir.
Publicar-me toda. Tuas crias, em mim perfurantes.
E presentes teus que não quero, nem nunca quis.
Não me compras nem te vendas assim.
Revogai-nos.

Tudo doce por aqui !

7 Carinhos:

sábado, 28 de novembro de 2009

É Zelo








Quando as pessoas se amam e querem se amar, selam um pacto: dormir juntos. 
E quando se fala 'dormir juntos', o sentido é duplo. 
A verdade é que mesmo quando dormem os amantes se amam.
Já dizia Ferrat: 'Durante o tempo que você quiser, dormiremos juntos.'
Penso que isso é um projeto de vida, ambíguo: dormir/amar juntos, dormir/ acordar juntos ou dormir/morrer de amor juntos. Amar é um projeto de vida e um projeto de morte. 
Quando o vento da insonia sopra, é a hora mais favoravel a se olhar o corpo que dorme ao seu lado.
Ver o outro dormir é negocio de muita responsabilidade, amar é ser guardião do sonho alheio. 
O poeta enquanto dorme trabalha, os amantes enquanto dormem, se amam.
Inconscientemente, um pé toca o pé do outro. 

Podem haver vários significados pra tão singelos gestos, 
ajude-me a atravessar esse meu sonho ou, venha sonhá-lo junto comigo. 
Certos sonhos, sobretudo os de quem se ama, não cabem em um corpo só. 
Transbordam os limites da noite, e pedem cumplicidade. 
Há pessoas que vivem 50 anos juntas, e não conhecem os sonhos um do outro. 
Porém, há quem passe uma tarde ao lado de alguém, e conheça seus sonhos pra sempre. 
Para ouvir o ruido dos sonhos, basta abrir os ouvidos na escuridão. 
O sonhos pulsam na madrugada. Quem ama diz boa noite, como quem fecha a porta de um jardim. 
Habita no sonho do outro, e deixa-se habitar.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Impublicável

Eu lhe escrevi naquela caixa de presente
que te amaria para sempre.
Já dizia, era birra.
Só.
Percebi.
Tarde demais para passar ilesa.
Meu “para sempre” não é até agosto.
Eu fingi.
Que poderia seguir incondicionalmente
enquanto você fazia seus planos solos na minha sala de estar.
Não consegui.
Ignorar que a falta de planejamento comigo machuca.


Mas eu quis viver contigo, todos estes dias.
Foram mais de 148 no total.
Acordar, fazer café, cuidar da nossa roupa limpa, o tênis sujo de lama.
Os cinemas, jantares, passeios longos a pé pelo centro.
Eu só quis agradar a você.
Ouvir uma música boa em sua companhia.
Agradar-me. Fotografar o melhor de nós.
Enquanto os outros diziam: “A gente não combina!”


Menti para mim mesma.
Desenhei um sonho comum.
Desejei você dizer que talvez também
pudesse me amar para além do 8.
Queria mesmo que fossemos infinitos.
Queria que tivéssemos nos dado a chance
de viver outra história.
Que escrevêssemos diferente.
Na sua língua. Na minha. Na nossa.
Que invertêssemos nosso avesso,
voltássemos ao começo e pensássemos no plural.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Teenage Meat.









Quando a gente é jovem acha tudo diferente, 
questiona as dúvidas mais imponentes,pensa que tudo é fácil, 
espera porque crê que as coisas um dia vão se ajeitar.
A gente insiste em ver a vida com outra ótica,
a gente acha que pode mudar o mundo.
Depois agente cai na rotina.
Quando a gente amadurece a gente não ri mais como antes, 
ficamos presos nesse loop constante.Descremos em mudar o mundo, 
e ainda achamos que os jovens que são loucos.
Quando a gente envelhece é que a gente vê, 
que era muito melhor ser louco do que deixar de sonhar.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Para sorrir com os olhos:



Semana.

Quando a saudade aperta.
Quando sente-se estranha
em meio aos mais íntimos.
Quando tem vontade de silêncio
e o piano toca desconcertado.
Quando sai para correr de todas as
verdades de dentro do peito.
E elas não saem. Ao contrário, acumulam.
Quando tudo deveria estar tranqüilo
e você simplesmente não consegue.
Quando sente-se incapaz.
Inseguro.
Quando a felicidade faz parte só
das histórias dos outros.
Quando a fome se perde.
As vontades fogem.
Quando seus olhos olham
e mentem descaradamente.
Quando você faz parte daquilo
que inventa para ser sua verdade.
Frágil.
Quando sua criatividade passa por cima da vida real.
Quando todos te apontam.
Relatam seus erros.
E você percebe que a vida não é um filme
nem um desenho. Quando já não existe desejo por nada.
Nem com o que há de se comer.
Quando você é o estranho no ninho.
O patinho feio.
O excluído.
Quando sai à procura de similares.
De derrotados.
É discutível.
Duvidoso.
Desconfiável.
Quando a fé desapega.
Quando as lágrimas tornam-se gigantes e pesadas.
Quando chove.
Ou o céu está nublado.
É assim.
Ainda bem que hoje fez sol.*

Á Duas pessoas que têm feito de um tudo pra desviar-me da rotina,
adocicando-me como podem:

Ronny Míh

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Satisfação garantida ou dinheiro de volta.





Eu quero as coisas mais simples.
Que de tão simples parecerem,
ninguém as deseje como eu.
Tanto.
Não me importo com o resto.
Que aos outros é o todo.
Só, quero o que há de mais simples aqui dentro.
E quero tanto, mas tanto, que acho que
se ainda não possuo é porque não mereço.
Descontento.
E é num total incorformismo que te imploro.
Dai-me aqui este conforto.
Vamos encher nossa casa disso que vos digo.
Parece-te banal.
Mas não é.
Sofá,
nem cama ou a tv de plasma.
Desejos comuns.
Não é eletrodoméstico, nem uma jóia.
Nenhuma viagem.
Nada disso.
Não planejo móveis.
Cristais quebram.
Talheres se perdem.
Não é fácil.
Minha satisfação garantida.
Não disse isso.
Em momento algum.
Desde que te desconheço.
Tome seu dinheiro de volta.
O que eu quero não existe para comprar.
Mas neste exato instante em que te escrevo,
sinto-me repleta desse meu bem.
Estar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Jardim

Ando exaustivamente pensando sobre o papel do amigo.
Sim, porque amigo a gente escolhe e cultiva do nosso lado.
Rega, cuida, aduba e poda.
Somos nós que decidimos com qual freqüência
visitaremos este ou aquele amigo.
É mais ou menos assim, quanto maior o bem estar entre nós,
mais tempo vou querer estar ao seu lado.
Provavelmente vou te ver mais do que vejo minha própria família.
Inevitavelmente irei me preocupar contigo.
Tentar te alegrar, te adoçar, te trazer um café
para uma conversa gostosa. De trocas. Justas e equilibradas.
Seremos uma família à parte.
De afinidades, respeito, admiração, cuidados, haja tato!


As relações humanas são muito complicadas.
Por isso, há quem prefira seguir só para
não ter que lidar com alguns sentimentos que
surgem em qualquer relacionamento.
O ciúme é um exemplo.
Difícil de lidar, assumir, desapegar.
É por isso que aos poucos vamos nos afastando
de algumas pessoas e deixando outras entrar.
A casa é pequena...
E na medida em que a vida vai passando,
alguns amigos vão ficando para trás.
Sem mágoas, porque para quem costuma estar só
de passagem, é muito fácil dizer adeus.
Aos que ficam comigo, ofereço um jardim.
Que acomodem-se bem na medida do possível e
se esbaldem com tudo o que vêem. Pode pegar!
Plantei para vocês. Cada flor, cada cor e cheiro.
Naturalmente do jeito que sou.
Choro, aconselho, digo o que penso, mas de um jeito
que sei que não vou te chatear.
Magoar não é aconselhável aos amigos.
Então te entrego o melhor que tenho aqui por dentro
em forma de bolos, abraços, apertos, beijos e palavras
que cuidosamente escolho para nós.
Assim, de graça.
Desde que haja a troca e que você não se torne indiferente.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

La veine entre nous deux.





Para te relembrar meu amor.
Faça e apareça
senão te invento por toda eternidade...

Ela era pequena. Ele tinha braços compridos.
Ele era abstração. Ela lia Nietzsche.
Ela tinha cabelos longos. Ele, mãos firmes.
Ela era frágil. Ele, cauteloso.
Ela era impulsiva. Ele, o impulso.
Ela parava no tempo. Ele era contemplativo.
Ela gostava da grama. Ele sentava-se ali.
Ela dizia o "não" e o porquê. Ele dizia: por que não?
Ela queria vencer a correnteza. Ele a puxava pelo braço.
Ela queria ver o mar. Ele a levou ao outro lado dele.
Ela via a poesia no muro sujo. Ele fazia a poesia dela.
Ela se perguntava sobre a morte. Ele lhe soprava o vento quente de dias de verão.
Ela quis verdade. Ele a beijou com olhos abertos.
Ela tentou um golpe. Ele segurou sua cintura..
Ela era melancolia. Ele era bossa nova.
Ela fez uma pergunta. Ele lhe escreveu seu nome no céu.
Ela procurou as palavras certas. Ele a tocou da maneira certa.
Ela pensava em trabalho. Ele imaginava uma casa no campo.
Ela explicou horas a fio. Ele cantou só uma canção.
Ela era o piano desafinado. Ele era o Tom.
Ela era feita de ar.
Ele também.
Ela era e queria pouco.
Ele era e queria pouco.
Mas eles tinham, um ao outro.
E com isso, tinham muito.
Ela era feita de fogo.
Ele também.
Havia amor. Há amor.
E isso basta a eles...
 
Palpite.*

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Na minha Teoria.

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, me retrata
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de marte.

Vem, me repara
Vê,  (na cara)
em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem,
que o  mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder

E não passa de mistério, não tem segredo
Vem cá.
A água é potável
Daqui é liberado beber

Só te peço pra ter cautela.

Mas quanto a mim,
te deixo entrar no meu Infinito Particular*

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Me adoça.







Espero ansiosa que me procure na madrugada, azul sem luz
Meu caminho nesse mundo, eu sei
vai ter um brilho incerto e louco
Dos que nunca perdem pouco, nunca levam pouco
Amor fiel trai-me azeda.Me adoça e me faz viver.
 

Diz que pode depois morde, pelas costas sem querer
Eu quis fazer um mundo nosso
Um tempo nosso pressentido numa troca de olhares
Quis dividir o nosso íntimo o teu segredo mais ínfimo
Olho no olho, pintura a quatro mãos
Tintas claras.

Tomar café, banho, brisa, tristeza, beleza
Cremes, músicas, sucos, água, passar perfume...
Tchau meu amor, fui beijar o céu! A vida é luz e sonhos
Força que me conduz

É um desperdício comum, dois viver vida de um
Mas não sinto vontade de 'adeus', que adeus é tempo demais
A verdade é que eu sempre vou te achar
Nos avisos da lua,do outro lado da rua
A vida é estranha,com suas despedidas e desencontros.
 

Guardando com cuidado pra não quebrar
Arranjei um modo de simplificar, que tal?
 



sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Entre Eles.

_É... Você é menina pra casar!

_E daqui onde estamos eu percebo que todos
os caras saíram hoje para arrumar uma mulher para casar.
Segue sorrindo ironicamente.
E Ele a felicita com a frase:

_Para você, sexo casual jamais!


I. chegou a conclusão de que
se não tivessem se conhecido da forma como se conheceram
(como acorreu há quase dois anos)
eles jamais se conheceriam ao acaso.

Ela é por demais séria para ele.
Ele por demais descontraído para ela.
Nunca se olhariam.
Não, olhar até iriam, mas não se cumprimentariam.
Não sorririam.
Para não parecer que estariam
"dando mole" um ao outro.
Tiros aqui ou ali só certeiros!
São tão durões...
E trocam mensagens logo ao amanhecer.*

Lá.

Mas ela vive por lá.
 

E hoje, enquanto
fazia a compra
para a Sexta
chegou a seguinte
conclusão:

Existe um lado bom de
estar resfriada
em tempos de
crise emocional.
 


Os olhos
lacrimejados
disfarçam
as lágrimas
de pequeno porte.
  



*P.s : Um presente regado á carinhos, indico :                                                                                                                                                                                            

http://permitaser.blogspot.com/ 

                           

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

De Verão.





Esta semana ela teve vontade de viajar.
Queria colo.
Mas passava das onze quando este desejo a atingiu.
Chovia.


Se fosse, teria Anna para alegrar os olhos.
Nona para contar-lhe histórias.
Dinda para lhe fazer cafuné e comidinhas gostosas.
E o Dan com os mais sábios simples conselhos
e cervejas no cair da tarde.
Contar-lhes-ia como fora seu último tombo.
Sobre a dor sentida.


Compartilharia.
Assim como faz agora.


Sentiu?

Mais uma dele

Como diz meu pai:
"Vamo que vamo
que tristeza não paga dívida".


Ela resolveu mudar de postura.
Na teoria.
Na prática, se não funcionar,
voltará borrada pra casa.

domingo, 8 de novembro de 2009

Das percepções de Domingo






NOVE:

1. Pessoas nada saudáveis comem
fritura e ainda por cima catchup no café da manhã.

2. Meninos andam com calças muito justas
pela Doca e Aguiar.

3. Ele terá de levar uma mala a mais com minhas mágoas dentro
(não permitirei que as deixe por aqui).

4. Correr faz bem. Dando socos no ar então... faz melhor!

5. Dias de frio e sol são bons mesmo só.

6. Estamos todos igualmente perdidos.

7. Ainda bem que existe você a rondar-me.

8. Perdi alguma coisa?

9. Ai, pareço exausta. Pareço exausta?!

sábado, 7 de novembro de 2009

Quando ‘Ele’ é você e ‘Ela’ sou eu.

Quando não há mais nada,
ela inventa.
Quando há um problema,
ignora.
Quando aperta,
apavora.
Quando ele pede calma para resolver junto dela,
faz desfeita.
Quando não se sustenta,
chora.
Quando ambos estão calmos,
argumenta.
Quando passa a angustia,
sorriem juntos.
Quando colocam um filme,
ela que sofre de déficit de atenção
levanta-se e resolve cozinhar.
Quando o desespero não vai embora,
ela sai para caminhar.
Quando é hora de jantar,
prefere desenho.
Quando há desejo,
ele não está.
Quando trabalham,
não percebem o tempo passar.
Quando faz frio,
ela esquece o casaco.
Quando está sol,
cobre-se com a meia de lã.
Quando saem,
ela maquia o cansaço.
Enquanto há blush,
recusa-se a dormir.
Quando passa das onze,
ela pensa no dia seguinte.
Quando pensa no futuro,
não se imagina sem ele.
Quando chegar agosto,
ele não se imagina com ela.
Quando acabar o outono,
vão comprar um aquecedor
para deixá-la quentinha para sempre.
Quando houver dor,
vai usar band-aid.
Quando houver dúvida,
vai guardá-la para si.
Quando houver dívida,
agendará o pagamento.
Enquanto houver amor,
querida,
lamento!

Bem na foto.

Na madrugada de ontem:

_Estou com dor de garganta.

_Culpa das palavras.
Quem falar primeiro perde.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Vai um querer aí?

Ele está vivendo a mesma fase que eu.
Que bom para ele.
Será que é bom insistir?
Ainda.
Fico feliz em vê-lo sem foco.
Deve lhe ser um tormento.
Não sai do lugar, nem me acompanha. Não movimento.
E eu acerto sempre no make para mais um
“Encontro e Desencontro”.
Quero tomar um banho por horas.
Chegar logo em casa.
É perto.
Sair do aperto.
Desligar o celular.
Coragem.
(Queria ter tido).
Serenidade suficiente para ficar na cama.
Faltou-me.
Amor em mim.
Não teve.
Tive.
Não há culpados entre nós.
Mas só porque 'nós' talvez  não há!

Luzes.






Na estrada de volta para casa
ela enxergou a Lua.
Estava incrível.
Alcançou a máquina na mochila.
Fotografou.
Borrou.
Os olhos lacrimejaram.
Conteve-se.
Não ligou para ninguém para dizer
que ela era a mais bela já vista.
Pensou não haver cabimento.
Parece papo de bicho grilo!

  Irritou-se

Tem olhado muito para o céu  e perdido o foco.

Deserto


Sobre as verdades.
Mantém em segredo.
Mas nem todas.
Boa parte delas cuspiu em teu rosto.
Hoje visto quão desnecessário.
Outras escreveu.
Verdades lidas em voz alta para colocar as paredes à par.
Para protegerem e que não haja uma próxima vez.
De todo mal que ele lhe fez.

E os azulejos do banheiro souberam de tudo.
As luzes filmaram.
O piso de taco desesperou-se com o movimento.
Os espelhos da casa fugiram, tamanha vergonha.
Ouviram seu choro.
Silêncio.
Pouco podiam fazer.

Há.
Três minutos atrás.

Sentada no ônibus a caminho de casa
percebeu que não sente mais a dor da surra.
Nem a perda.
Não sente culpa.
Não tem orgulho.
Só.
Rareia ar.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Extrato de Camomila



Ganhou na saída do cinema uma
pequena amostra de sabonete íntimo.
Isso faz tempo...
Deixou-o esquecido por entre as outras
coisas esquecidas na cômoda
que pertencia a sua avó!


Na terça a noite não resistiu ao ler
na embalagem as propriedades
fitoterápicas existentes naquele envelopinho.


Passou-o no rosto.
Humm...
Fez espuma e cheirinho.


Saiu para jantar com os amigos
com cara de xoxota calma.