terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Roda a vida inteira, dentro de nós.



É preciso driblar o vazio, a completa falta ou excesso de tempo. Dois extremos. Evitar esse isolamento inconsciente, mesmo que seja de mansinho.


É necessário manter os alicerces para que a casa não caia, e quando falo em 'alicerces' me refiro à base, àquilo que sustenta, e você sabe. Manter família, em qualquer estado que seja, sendo ela desestruturada ou não, porque é o amor que nos veio pronto antes mesmo de botarmos os pés nesse chão. Manter laços não sanguíneos com um ou dois gatos pingados, pra perceber que qualidade difere de quantidade de pessoas.


É necessário (re)aprender a viver apesar dos tombos, porque tão necessário quanto (re)aprender é entender que nem sempre iremos tropeçar em algo maravilhoso. Vai ver a vida seja essa coleção infindável de tropeços até que finalmente se aprenda a andar. No meio dela a gente faz de conta que quer desistir, chora, sonha acordado, fala alto com o nada naquelas vezes-de-querer-falar-com-ninguem. Mas a sede de existir é tão maior do que possamos imaginar que a gente logo volta à tona, se levanta e torna a cair como numa dança involuntária-alucinógena-incansável entre realidade e fantasia, onde todo mundo entra na roda, sem exceções.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Das ausências sentindas, sinto falta de mim.




Talvez naquele dia assim calado, o amor tivesse adormecido.
Tomou chá de sumiço e desapareceu de mim.
É que sinto meus sentidos se perderem,
e desde então sinto que não escrevo como costumava escrever,
não vivo do modo como deveria viver.

Aliás, viver tem me parecido um porre, e dos brabos,
do tipo que sai cortando toda a vertente do que se pode vir a sentir.
Os dias tem me deixado ressaquiada o bastante
pra qualquer coisa que ainda me reste fazer.
Tenho dormido no máximo três ou quatro horas por noite,
tenho sonhado bem menos do que costumava sonhar.
Acordo, ligo o automático e vou trabalhar.

Vou mas torno a voltar.
Sou.
Só.
Pedaço daquilo que fui.
Um coração sem portas ou janelas,
ninguém entra, ninguém sai.

Eu sei todo o trajeto de volta.
Talvez seja exatamente por isso que nunca volto para o mesmo lugar.

Não vê?
Sou toda submersa num  mar azul,
na espera de algo que possa me remover.
E nessa aguardo, tenho me guardado pra sabe-se-lá-o-quê.
Roda a vida inteira do lado de dentro de mim.

Me sirvo de palavras que saem quentes por entre os dedos,
apesar de Dezembro ser mês avassalador de saudade e frio.

Será que o tempo ainda me prova que tem quem diga algo que possa fazer sentido,  
sem que posteriormente eu tenha que sentir muito no fim?
Em qual parte do caminho meus olhos desaprenderam a falar a língua dos teus?
Pra onde foi toda aquela poesia? 
Pra onde foi tudo aquilo?
O que eu queria?
Dizer.