quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Em banho-maria.

 
 
Então vem, me canta qualquer coisa bonita, me cuida, me abriga.
Abre esses braços por detrás de mim,
me cobre inteira desse teu cheiro pra grudar no meu.
Aproveita enquanto cai a tarde e ainda não chove,
tira uma fotografia comigo na sombra dos teus olhos.
Me eterniza assim, distante e fria,
ao lado da janela daquela cozinha,
onde a gente já cansou de se cozinhar.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Dois sóis.




Precisava te escrever, não só porque hoje faz um mês de sol dentro de nós, mas também pra deixar registrado que ontem foi um dia um bocado bonito. Tu sempre vens e me adoças como podes e aos pouquinhos vais me tirando o gosto amargo impregnado no céu da boca que viver tem me deixado. Contigo qualquer coisa fica mais doce aliás, tens essa coisa que faz a gente ir aguçando as papilas gustativas sem receio, provocando aquele desejo de provar sempre um pouco de tudo. E (re)viver de repente passa a ter  gosto de sonho, ganha um sabor agridoce viciante que o ato rotineiro de sonhar contem, e espantosamente vamos nos  permitindo, com cuidado diluindo aquelas incertezas uma a uma e deixando que fique aqui em nosso meio somente aquilo que possa vigorar.  É rapaz, querendo ou não é exatamente essa pontinha de desejo e gosto pela vida que vem (re)aparecendo  quase que  imperceptivel através de algo ou alguém, e quando a gente menos espera se torna maior do que nós mesmos, maior até mesmo que os prédios que se levantam rígidos no centro da cidade. E isso tudo se intensifica ainda mais quando há aquela unificação tão significativa em que um vira complemento do outro, em que o que era dois se resume em um.  

Vê bem,  és essa parte considerável de mim que eu achei ter perdido no meio do caminho, a perda que eu me orgulho em não ter permitido acontecer, eu era tão cheia de ‘achismos’ e coisas desnecessárias, e a falta de afeto que eu achava não sentir me empurrou atras daquilo que a gente sente que vai vigorar, porque o que é pra ser vigora. Que bom que ainda te tenho ao meu alcance, que bom que me vens e me preenches e me fazes querer abrir um riso sem sombra alguma de dúvidas, livre de qualquer simulacro, esse sorriso desajeitado, arreganhar de dentes que ecoa sempre verdadeiro assim como essa imensidão de coisas tão maravilhosas que eu desejo pra ti e pra nós ao mesmo tempo naquela unificação de sermos complemento um do outro. Eu só queria te fazer lembrar mais esta vez que somos esse gosto doce, somos essa saudade que não cessa, a sede de vida com gosto de quem dorme e sonha, adiando e se salvando por alguns instantes. Somos essas duas vidas que se preenchem sem nenhum esforço, dando braçadas pra não se afogar no comodismo, duas vidas que se tocam e se recolhem no calor de uma só.

Para sempre tua,

Giovanna M.