segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Migalhas

Não, por favor entenda, a casa é antiga demais para suportar mudanças. No máximo te permito arrastar um móvel de um compartimento mais próximo, daqui até ali, com muita cautela pra que meu chão não se risque, não fique lanhado, não mais do que já está.

A essência inteira escorre, invadindo os cômodos, percorrendo os poros, passando por cima de ti, para além do nosso quintal. Mas todo esse doce talvez não te agrade, por ser assim às avessas, tão forte, te causando pancadas leves na boca do estômago. Nauseante. Nesse jogo que te atrai e te repele até não poder mais.

Daqui posso ver esse quase sorriso estampado em teu rosto, tocando tudo de mãos semi abertas com o pavor de quem só consegue ser pela metade, deixando por onde passa um rastro do que poderia ter sido e já não é. Que mundo podre e louco é esse em que não se pode nem dizer 'sinto saudade'? Em que lugar esta escrito a regra do 'Ser pela metade'? Mundo sem graça, tão confuso quanto o meu.

Te pensei inteiro durante o tempo todo em que estivemos juntos, mas agora agradeço enquanto tudo ainda é prematuro, por ter me aparecido enfim como realmente és, todo minúsculo, pela metade, como as pessoas todas, acostumado à migalhas, a comer pelas bordas com medo de se queimar, que antes mesmo de terminar empurra o prato e levanta, ''não quero mais''.

Não estou acostumada à migalhas e nem quero me acostumar.

sábado, 12 de novembro de 2011

Meu menino. Meu pedaço. Meu presente.




Carta à Diogo Murrieta,  em 11/11/2011


Não permito que seus olhos andem se escondendo, planejando fuga, saindo da rota direta por onde andam os meus. Ficam marejados, mesmo fazendo menção de que como de costume vão sorrir pra mim. Não adianta, sei lhe ler até de longe, e você sabe.

Sua cabeça gira,  a carne enfraquece e as pessoas somem como naqueles filmes que a gente prevê o fim. Eu entro em cena na sua vida como naquela parte em que a mocinha se aproxima do cara como quem nada quer, pela porta da frente, andando devagar, procurando semelhanças, pontuando diferenças.

Perceba que com o desenrolar da trama, assim de mansinho, vou fazendo aquele nosso filme todo em preto e branco colorir. Julho é mês de chuva, mês de você e de mim, do you remember?

No carnaval da vida não usamos nenhuma máscara, somos descarados e costumamos rir bem alto sem nenhum pudor em qualquer hora de um lugar qualquer. Entre nós não existem clichés. Entre nós só existe um  espaço curto separando os abraços que me fazem encostar meu coração no seu. Do lado de dentro só existe amor,  a vontade de querer me  dividir contigo misturada com aquela lei de ser feliz que inventei pra gente noite passada.























Em dias cor-de-céu-que-chora prometo fazer cair pingos de afeto.
Vamos sair sem guarda chuva pelas ruas, pra que eu possa me encharcar de você.
Pra você se resfriar de mim e nunca mais fazer sarar.