domingo, 25 de março de 2012

Da natureza encharcada de erros.




Dias cinzas,
ontem quase comprei tinta
na tentativa de nos colorir.

Cadê que eu sei pintar?
Cadê que eu sei me despedir?

O tropeço da tentativa.
O frio da distância como o abismo entre o calor dos corpos.
Congela, te rompe e esmaga todas as possibilidades de aproximação.
Todos os vícios amenizando a dor, como válvula de escape ao avesso.
Nossa saída imaginária do cativeiro que nós somos.

Pior do que a ressaca é o gosto amargo da palavra não dita,
é o pulo do gato que a gente dá por não querer tentar.
O comodismo, que gruda como limo se a gente deixar.
O nó que o erro dá nos teus sapatos, te impedindo de andar.
É a falta de crédito em si e nos outros.
Falta de pulso, mergulhada  na hipocrisia maior de julgar os erros todos.

Cadê os olhos mansos de quem me aceitava,
antes da descoberta óbvia de que tambem posso errar?
Cadê a palavra que eu guardei todo esse tempo pra aprender a usar?

Escorre aos litros a falta,
só um pingo de vontade de ser humana.
Hipócrita, racio anal, crua,  insana.

Lá fora choveu saudade, de manhã até a tarde
e eu saí de guarda chuva, só pra não ter que me molhar.

11 comentários:

  1. ai ai, tem mais o te dizer, você escreve bem demais, não me canso,fuço teu blog inteiro.

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  2. Quem sou eu pra fazer poema, pra escrever o que for, quando você me vem com uma coisa linda dessas!

    "Lá fora choveu saudade, de manhã até a tarde
    e eu saí de guarda chuva, só pra não ter que me molhar."

    Hipocrisia seria dizer que não me arrepiei com isso. É.

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  3. "Cadê os olhos mansos de quem me aceitava,
    antes da descoberta óbvia de que tambem posso errar?" Se encaixa perfeitamente nos meus pensamentos agora.
    E a chuva da saudade tá inundando a minha cidade nesse momento.
    Eu só acho que vou chorar.
    O teu post tá muito bacana. E eu uma lama.(não era pra rimar)
    Enfim...

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  4. Toda sempre amores: "O nó que o erro dá nos teus sapatos, te impedindo de andar."

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  5. "O tropeço da tentativa.
    O frio da distância como o abismo entre o calor dos corpos.
    Congela, te rompe e esmaga todas as possibilidades de aproximação.
    Todos os vícios amenizando a dor, como válvula de escape ao avesso. Nossa saída imaginária do cativeiro que nós somos."

    Eu gosto de vir aqui. De te ler... Talvez eu mergulhe nas letras lembrando do que minha vida já desenhou. Enfim... É bom me alimentar um pouco com teus textos tão cheios de vida!
    Larisse

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