segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Das ausências sentindas, sinto falta de mim.




Talvez naquele dia assim calado, o amor tivesse adormecido.
Tomou chá de sumiço e desapareceu de mim.
É que sinto meus sentidos se perderem,
e desde então sinto que não escrevo como costumava escrever,
não vivo do modo como deveria viver.

Aliás, viver tem me parecido um porre, e dos brabos,
do tipo que sai cortando toda a vertente do que se pode vir a sentir.
Os dias tem me deixado ressaquiada o bastante
pra qualquer coisa que ainda me reste fazer.
Tenho dormido no máximo três ou quatro horas por noite,
tenho sonhado bem menos do que costumava sonhar.
Acordo, ligo o automático e vou trabalhar.

Vou mas torno a voltar.
Sou.
Só.
Pedaço daquilo que fui.
Um coração sem portas ou janelas,
ninguém entra, ninguém sai.

Eu sei todo o trajeto de volta.
Talvez seja exatamente por isso que nunca volto para o mesmo lugar.

Não vê?
Sou toda submersa num  mar azul,
na espera de algo que possa me remover.
E nessa aguardo, tenho me guardado pra sabe-se-lá-o-quê.
Roda a vida inteira do lado de dentro de mim.

Me sirvo de palavras que saem quentes por entre os dedos,
apesar de Dezembro ser mês avassalador de saudade e frio.

Será que o tempo ainda me prova que tem quem diga algo que possa fazer sentido,  
sem que posteriormente eu tenha que sentir muito no fim?
Em qual parte do caminho meus olhos desaprenderam a falar a língua dos teus?
Pra onde foi toda aquela poesia? 
Pra onde foi tudo aquilo?
O que eu queria?
Dizer.



  

14 comentários:

  1. sempre tão bonito o que leio aqui. vc nao precisa rimar, pra fazer bonito.

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  2. Você escreve muito bem! E não sei se esse texto se trata de fato sobre seus sentimentos, mas quando li, até me vi dizendo essas palavras, porque é assim que me sinto.

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  3. sempre na espera de saciar o voraz apetite de um coração esvaecido.

    sempre que passo aqui fico palpitando, sorriso e suspiros.

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  4. "Não vê?
    Sou toda submersa num mar azul,
    na espera de algo que possa me remover.
    E nessa aguardo, tenho me guardado pra sabe-se-lá-o-quê.
    Roda a vida inteira do lado de dentro de mim."


    essa parte, em especial, li várias vezes. gio, já sabes o quanto gosto daqui, mas faço questão de dizer que tens um dom incrível. já falaram num outro comentário que não precisas rimar, e é verdade. parece que a gente sente as coisas se se encaixando (ou se desencaixando, no caso)num ritmo certo. teu coração bagunçado se reflete no meu, e parece que tua poesia domina a todos que passam por aqui. quanto ao post.. fiquei tanto tempo assim.. me encontrei. você também se encontra.


    beijo grande.

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  5. Esse é um daqueles escritos que parece pintura, onde somos capazes de nos ver nele.

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  6. Estava buscando palavras para descrever o que estou sentindo. Então... achei!

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  7. Giovanna querida acredito que você não está conseguindo compreender algo que não compreenderei jamais...
    Pelo jeito somos vítimas de histórias muito iguais.
    Mas acredito que um dia as páginas viram pra nós também e somaremos lembranças.
    Beijão.

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  8. e eu continuo adorar muito, muito suas palavras, seus textos, sua inspiração. parabéns.

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  9. Os sentimentos contidos aqui, ou a falta deles, sinto armagamente em mim. Espero dia após dia um "amor" surgir e dar um sentido para meus dias, mas acabo por não dá chances para aqueles que já existem ou para aqueles que desejam existir.
    Ah, parando de falar do meu sentimentalismo. Gostei muito do que escreves e não é a toa que eu comento aqui, faz tempo que não me vejo comentando em blogs. Parabéns.

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  10. Um texto incrível, um sentimento dolorido, talvez até, indolor de tão sofrido.

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  11. Isso tudo tem sido um estado tão claramente permanente em mim que nem sei quando começou ou se vim ao mundo assim.
    Mas ainda assim há tantas vidas dentro de uma que provavelmente invalide a frase acima.

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