sábado, 11 de agosto de 2012

Na rua da saudade não existe contramão.





Tô naqueles dias de revirar arquivos infinitivamente pessoais.
Remexendo o misto de saudade e amor,
Pra ver se consigo dissolver a falta que fica no fundo.
Essa falta que acho ser de pedra.

(Re)ver sorrisos divididos, caretas, 
birras e choros de felicidade ou não.
Tudo assim, congelado.
Mas nunca frio.
Pra que ainda possa nos esquentar por dentro, só de lembrar.
Caber no tempo.
Até porque ainda tem muito amor pra colocar lá dentro.
E a gente sabe que amor nunca pode ser demais.

Nos intervalos apressados entre um ano e outro,
o salto do consolo é a certeza de que a gente ainda se tem.
E ainda dizem que a única certeza que se tem na vida é a morte.
Se for mesmo assim, tenho duas.
Sou sortuda, sempre achei.

Guardo nossa presença com gosto de sorvete,
numa caixa de cartas e flores azuis.
Onde me trouxeram pelúcias e um gato.
Naquele aniversário, 
acho que nunca fui tão feliz.

Continuo cabeça dura de coração mole.
Mania de guardar detalhes.
Basta ler pra saber.
A diferença é que agora aprendi a assumir.
Encontrei nossas memórias acordadas num mundo que não cabe em caixas. 
E saí correndo pra escrever aqui.

Estamos sempre a um telefonema de distância.
Mensagens no meio da madrugada.
Visitas cada vez mais raras,
Encontros em que sempre tem um que vai faltar.
Palavras soltas giram ao redor da minha boca.
Fico tonta com tanta coisa que tinha pra contar.
E só um pensamento me ocorre.
O que seria o espaço entre dois pontos,
pra quem se cruza por acaso no meio da rua,
como quem nunca deixou de se ver todas as manhãs?

6 comentários:

  1. Filipe Dantas Lourinho11 de agosto de 2012 às 14:03

    pode ter certeza de que não vamos deixar de nos encontrar como quem nunca deixou de se ver todas as manhas...penso em voces todos os dias.

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  2. o estar não é físico, o sentir não mede distâncias.

    enfim, bonito (:

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  3. ai tenho disso com tanta gente, essa vida corrida, e tem pessoas que parece que nunca foram embora da nossa rotina, são os reencontros mais lindos.

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  4. No infinito espaço da distância cabe sempre muito amor, amor este que hei de guardar...
    Sei bem como é viver assim. Lindo poema.

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  5. Lindo texto, creio que nunca me cansarei em dizer, que adoro ler tudo o que você escreve!

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